domingo, 28 de fevereiro de 2010

A sina do leque


















Era uma vez uma noite escura com o ambiente fechado.
Era uma vez um som alto e total ausência de silêncio.
Era uma vez uma música contagiante seguida de um sorriso.
Era uma vez um calor quase insuportável.
Assim, era uma vez um simples leque feito de flyer.

De um leque improvisado, o início de uma nova era.
O início de uma nova história.
História grande ou pequena? Curta ao comprida?
História recheada de amizade, paixão ou amor?
Como saberemos se ainda não vivemos?

A depender da minha, da nossa torcida,
Será repleta de amizade misturada com paixões
Mas regada com uma boa dose de amor
Era uma vez um calor quase insuportável
Era uma vez uma cortina branca. Ops, era uma vez um leque!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sozinhos ou acompanhados?

O telefone tocou e do outro lado havia a voz alguém disposto a falar da vida.
Conversar sobre a vida sempre foi uma tarefa simples pra mim, porque eu adoro viajar nas ideias e pensar um bocado.
Em alto nível da conversa, o alguém me dizia tristemente: eu acho que nasci pra caminhar só, não consigo me relacionar.
O assunto continuou, mas meu pensamento ficou lá, naquela frase dita que eu não sei bem se foi pensada ou simplesmente lançada às traças.
Penso no quanto todos nós, seres humanos, sonhamos e idealizamos um amor. Mas custa encontrar alguém que de fato se entregue a esse projeto, a ponto fazê-lo acontecer.
Sobra orgulho, manias e o eterno costume de que “eu não mudo, se quiser vai ser assim”.
É paradoxal como a gente choraminga quando gostamos de alguém e esse alguém não faz nada, mas difícil mesmo é enxergarmos que existem tantas pessoas que gostam da gente e também não fazemos absolutamente nada.
Mais engraçado ainda é perceber que criticamos essa falta de esforço em prol de um grande amor, essa inércia vazia de sentimento, no entanto, quando qualquer pessoa se empenha nesse embalo, somos os primeiros a também criticar e chama-lo de louco, desvairado, amigo desnaturado que some e por aí afora.
Pressinto: não haverá conclusão nessas ideias lançadas.
Espero: quem sabe haja apenas um incentivo a pensar!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"Cancionando" mais um pouco


Cansa sentir quando se pensa.
No ar da noite a madrugar
Há uma solidão imensa
Que tem por corpo o frio do ar.

Neste momento insone e triste
Em que não sei quem hei de ser,
Pesa-me o informe real que existe
Na noite antes de amanhecer.

Tudo isto me parece tudo.
E é uma noite a ter um fim
Um negro astral silêncio surdo
E não poder viver assim.

(Tudo isto me parece tudo.
Mas noite, frio, negror sem fim,
Mundo mudo, silêncio mudo -
Ah, nada é isto, nada é assim!)

Fernando Pessoa

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

"Cancionando"


Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.


Fernando Pessoa

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Devaneios



Era meio dia e lá estava ela na minha garupa enquanto trilhávamos pela estrada veloz, cortando a cidade agitada. O sol ardia em chamas, o verão comandava a temperatura e o céu estava lindo!
Ela comentou comigo: como eu amo olhar pra esse céu de verão!
Há poucos minutos, fiz o mesmo trajeto. Só que o sol não estava mais lá pra aquecer e embora o verão ainda comandasse o tempo, senti frio.
Será que foi a natureza da escuridão? Talvez tenha sido a falta dela pra me aquecer... Porque quando se tem alguém especial por perto, até a chuva se torna quente e divertida.
Mais tarde, ela me disse que nós temos uma relação, um caso de amor talvez. Só não necessariamente da forma que os adultos insistem em padronizar.
Nos devaneios da volta cansativa, comecei a pensar com os calafrios na espinha e me dei conta de que a solidão é fria, mesmo no meio de um verão intenso.
Talvez o problema não resida em estar materialmente só, mas no fato de sempre esperar por alguém que não chega.
São nesses instantes que percebo o quanto “eu finjo ter calma e a solidão me apressa. Tantos caminhos sem fim, de onde você não vem. Meu coração na curva, batendo a mais de cem”.
É uma eterna espera: pelo carinho que não aparece, pela conquista que não surge, pela singeleza de sentimentos que não encontro ou, às vezes, por uma mera ligação no celular.
Ah, o celular!
Como eu gostaria que o amor não fosse atrelado ao celular. Prefiro a moda antiga: esperar semanas ou meses por uma carta. Como a decepção demorava pra chegar também. Afinal, sempre havia aquela expectativa de que um dia ela chegasse. Ou quem sabe, simplesmente teria voltado e por isso nunca havia chegado.
Mas a tecnologia trouxe a exatidão no tempo. E quando você espera por algo que não chega, nesse exato momento você sabe que, como no filme de Ken Kwapis, “Ele (a) Não Está Tão A Fim De Você”.



Sim, eu tive que pular uma linha pra simbolizar a pausa na minha escrita. Fui subitamente interrompido pelo celular. Do outro lado um amigo-irmão dizia: liguei pra te dizer um oi, porque acabei de pensar em você – precisava saber como você estava.
Inevitavelmente ele percebeu minha voz embargada. Não tive como esconder. Emocionei-me.
Como eu poderia terminar esse texto senão dizendo que a cada dia acredito mais no amor entre amigos? E desacredito no amor entre amantes.
O fato é simples. Quando espero por alguém, quem aparece são eles: Ela que está presente em tudo, ele que me liga pra matar a saudade, todos os outros que me consquitam cada vez mais enquanto os amo cada vez mais.
Esse amor dura pra sempre. Porque esse amor é aquele que “é paciente, é benigno, não inveja, não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade”.
Esse amor nunca falha! É o único sol capaz de derreter a geleira da solidão.
Meu Deus! Cura-me de esperar por outro amor? Melhor, se não tiver cura, mostre-me o caminho para encontrá-lo...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Que se danem os nós



Não raramente eu ouço uma música e a melodia fere meus sentidos a ponto de me incentivar a escrita.

Hoje começou assim:

Vem, nunca é tarde ou distante
Pra te contar os meus segredos
A vida solta num instante
Tenho coragem tenho medo sim
Que se danem os nós
Se há alguém no ar
Responda se eu chamar
Alguém gritou meu nome
Ou eu quis escutar

De fato, a vida nos últimos dias vem me gritando a escrever. Talvez seja a presença um tanto mais próxima dela, a garota que há anos me desperta os pensamentos e me incita a filosofar.
Dias atrás, num sorvete filosófico, a nossa conversa fez-na pensar. E o que ela pensou, também me levou a refletir.
Um antigo provérbio latim diz que verba sicut ventus volant, scripta sicut monumenta manent, ou seja, as palavras voam como os ventos, mas a escrita permanece como os monumentos.
Algumas coisas precisam ser escritas. Precisam ser registradas.
Há sentimentos que são tão bons, ou talvez tão amargos, que precisam ficar escritos. Se bons, para serem revividos. Se amargos, para servirem de espelho ou força para o futuro.
Escrever sempre foi uma sina minha, mas mantenho isso em oculto. Sempre alimentando o meu impublicável livejournal.
Mas agora, que se danem os nós! Esse novo espaço é para ser público.
É para ser bebido. Seja para entenebrecer o espírito. Seja para despertar a poesia da vida...