terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Devaneios



Era meio dia e lá estava ela na minha garupa enquanto trilhávamos pela estrada veloz, cortando a cidade agitada. O sol ardia em chamas, o verão comandava a temperatura e o céu estava lindo!
Ela comentou comigo: como eu amo olhar pra esse céu de verão!
Há poucos minutos, fiz o mesmo trajeto. Só que o sol não estava mais lá pra aquecer e embora o verão ainda comandasse o tempo, senti frio.
Será que foi a natureza da escuridão? Talvez tenha sido a falta dela pra me aquecer... Porque quando se tem alguém especial por perto, até a chuva se torna quente e divertida.
Mais tarde, ela me disse que nós temos uma relação, um caso de amor talvez. Só não necessariamente da forma que os adultos insistem em padronizar.
Nos devaneios da volta cansativa, comecei a pensar com os calafrios na espinha e me dei conta de que a solidão é fria, mesmo no meio de um verão intenso.
Talvez o problema não resida em estar materialmente só, mas no fato de sempre esperar por alguém que não chega.
São nesses instantes que percebo o quanto “eu finjo ter calma e a solidão me apressa. Tantos caminhos sem fim, de onde você não vem. Meu coração na curva, batendo a mais de cem”.
É uma eterna espera: pelo carinho que não aparece, pela conquista que não surge, pela singeleza de sentimentos que não encontro ou, às vezes, por uma mera ligação no celular.
Ah, o celular!
Como eu gostaria que o amor não fosse atrelado ao celular. Prefiro a moda antiga: esperar semanas ou meses por uma carta. Como a decepção demorava pra chegar também. Afinal, sempre havia aquela expectativa de que um dia ela chegasse. Ou quem sabe, simplesmente teria voltado e por isso nunca havia chegado.
Mas a tecnologia trouxe a exatidão no tempo. E quando você espera por algo que não chega, nesse exato momento você sabe que, como no filme de Ken Kwapis, “Ele (a) Não Está Tão A Fim De Você”.



Sim, eu tive que pular uma linha pra simbolizar a pausa na minha escrita. Fui subitamente interrompido pelo celular. Do outro lado um amigo-irmão dizia: liguei pra te dizer um oi, porque acabei de pensar em você – precisava saber como você estava.
Inevitavelmente ele percebeu minha voz embargada. Não tive como esconder. Emocionei-me.
Como eu poderia terminar esse texto senão dizendo que a cada dia acredito mais no amor entre amigos? E desacredito no amor entre amantes.
O fato é simples. Quando espero por alguém, quem aparece são eles: Ela que está presente em tudo, ele que me liga pra matar a saudade, todos os outros que me consquitam cada vez mais enquanto os amo cada vez mais.
Esse amor dura pra sempre. Porque esse amor é aquele que “é paciente, é benigno, não inveja, não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade”.
Esse amor nunca falha! É o único sol capaz de derreter a geleira da solidão.
Meu Deus! Cura-me de esperar por outro amor? Melhor, se não tiver cura, mostre-me o caminho para encontrá-lo...

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